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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O pomar


Minha tia uma mulher incrivelmente intrigante 
Morava afastada de todos decidira a não compartilhar
sua vida 
Escrevia contos, poesias ... era livre pensadora entre
quintais ..compartilhados com poucos
Eu ainda menina, a caminho da escola, passava para
ve-la, seus olhos brilhavam ... e eu astuta, como toda
menina levada, pedia lhe para comer frutas do pomar.
Assim poderia engana-la perdendo o horário das aulas
Ela no alto de sua perspicácia dizia:
_ Menina, está na hora vá, leve as frutas que preparei.


Seus olhos diziam tanto... diziam mais que as palavras
mais que os abraços, afagos ... suas risadas entre cocegas
.. eram infantis ...Numa daquelas tarde perdi o horário ... ou
nos perdemos, como queríamos Colhemos frutas numa cesta 
mágica, e delas fizemos um banquete ...ela entre caquis, peras
quiuis. Ela gostava de espreme-los sobre a maçã e lambia o nec
tar com delicadeza.Eram assim muitas de nossas tardes, deita-
das na rede da varanda, eu adorava ve-la sobre a maçã tão fa
minta saciando sua fome.
Numa tarde, minha tia foi buscar-me na escola.Tal minha ale-
gria com sua chegada mas enfureceu-se ao ver-me a conversar
balelas entre amigas e um rapaz a olhar-me 
Aproximou-se, minha tia, e disse firme:
_ Vamos, seu pai a espera, já se faz tarde...
fomos e como sempre ... pegamos as frutas 
porém neste dia fartava-se com ira ... louca
numa só mordida, esmagou os caquis quiuis
sobre a maçã amada, como fera ...Naquele dia,
sem frutas, ela manifestara sua fome numa 
quimera . Esperança irrealizável de desejos ...
Desde então, jamais a vi ao longo de minha 
vida ...
Ontem num súbito arrepio ao ve-la passar na
calçada... desejei tanto encontra-la um dia ...
Num pomar de lençóis nem que fosse, apenas,
uma de minha saudades, a qual pudesse matar


(sulla fagundes)

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